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Texto Bruna Soares Fotos José Ferrolho
«Os campos maioritariamente despidos de culturas. Na estrada poucos carros ou quase nenhuns. De vez em quando lá há uns pneus que pisam o alcatrão, mas o gado que pasta parece não incomodar-se. Pouco se manifesta. Não arreda. O calor parece levantar-se do chão que se pinta de tons castanhos-claros. A pastagem está seca como o tempo seco que chegou com o fim da primavera.
A vedação de arame, segura por paus, castanhos como os torrões que os acolhem, impede que o rebanho chegue à estrada. E só os pássaros, felizes no seu voo, têm a audácia de transpô-la.
Ao longe um monte, com a cal descorada pelo tempo, e nem vivalma. Não se avista ninguém. Apenas as ovelhas que pastam indiferentes à pouca falta de movimento. Um silêncio ensurdecedor, apenas quebrado pelos chocalhos e pelo cantar das aves.
É este o cenário que muitas vezes os pastores do Sul, ou moirais como preferem ser chamados, encontram. Mas esta vida no campo pouco já se parece com a vida de antigamente. Este acompanhar dos rebanhos em nada se assemelha a tempos antigos. O gado, agora, a bem dizer, pasta em terreno parqueado. O campo está vedado.
Encontrámos aqueles que provavelmente serão os últimos morais do Sul, pelo menos na forma como sempre os conhecemos, encostados aos seus cajados, de samarra vestida, noite e dia a guardar o gado, dormindo ao relento. Serão estes, talvez, os últimos guardiões destas nossas, mas ainda mais suas, memórias, embora também já eles se tenham adaptado às mudanças dos tempos, como antigamente se adaptavam à mudança das estações.
Encontrámo-los no II Encontro de Moirais do Sul, em São Pedro de Sólis, para que o ofício, para que a memória e a identidade dos guardiões dos territórios do Sul permaneça (...)» Ver mais.
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