Fachada do antigo Convento de S. Francisco, actual Pousada de S. Francisco, Julho 2012.
«Foi o primeiro convento a ser construído nas terras recém-conquistadas aos árabes, constituindo uma lança cristã cravada num Sul fortemente islamizado.
O facto de se localizar fora da cintura de muralhas e defronte das principais portas de entrada na cidade - as Portas de Mértola - dava-lhe um ar de bastião avançado do cristianismo e, simultaneamente, contribui para que à sua volta se tenha estruturado um populoso bairro de artífices, conhecido por Arrabalde de S. Francisco.
Segundo consta, foi fundado em 1268 pelo alcaide-mor de Beja, Lopo Esteves e pelos vereadores, Diogo Fernandes Esteves e Vasco Martins.
Em 1271, D. Afonso III, atendendo à importância estratégica e religiosa do convento, deixou-lhe em testamento uma esmola.
A este convento anda igualmente ligado o nome de um outro monarca - D. Dinis - que, no cumprimento de uma promessa, mandou erguer no local onde se encontra hoje a Capela dos Túmulos, um pequeno templo sob a invocação de S. Luís, Bispo de Tolosa. (...)
Os frades de S. Francisco constituíam uma comunidade poderosa, com grande peso na vida da cidade, não se coibindo em alturas cruciais de pegarem em armas na defesa de Beja e dos seus habitantes.
Com efeito, são vários os exemplos desta postura por parte dos franciscanos. Dentre eles destacamos os factos ocorridos em 1808, quando as tropas napoleónicas devastavam a região e a cidade se rendia. Nessa altura coube a estes religiosos opôr uma forte resistência, transformando o convento numa autêntica fortificação, onde muitos vieram a tombar.
Alguns anos mais tarde, aquando das lutas entre miguelistas e liberais, os frades de S. Francisco, tomaram parte activa na defesa da cidade, morrendo alguns deles pela causa da liberdade. Durante anos perdurou na memória dos bejenses o dia 11 de Julho de 1833, altura em que foram presos e queimados na Praça de Beja, alguns dos principais revoltososa que se opuseram às forças miguelistas. Foram eles: Joaquim Sant'Ana, sapateiro, natural de Beja, o dr. Madeira Serpa e o frade franciscano, Joaquim Lopes Baião, a cuja morte as suas irmãs foram obrigadas a assistir.» (Joaquim Figueira Mestre, Beja. Olhares Sobre a Cidade, Beja, CMB, 1991, pp. 108-109).
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