D. Manuel Falcão, recentemente falecido, foi bispo em Beja, durante quarenta anos depois de ter
sido bispo auxiliar do Patriarca de Lisboa durante oito anos. Na imprensa fez-se
eco da sua acção repetindo de forma simplista o apodo que os seus inimigos lhe
colaram, o de “Bispo Vermelho”. Verdadeiramente nunca o foi. O seu “curriculum”
episcopal é longo e extraordinariamente fecundo. Acompanhei de longe o percurso
do seu episcopado nestes quarenta e seis anos, mas recordo-o sobretudo nos primeiros
quinze anos do seu sacerdócio em Lisboa.
O padre “sem teias de aranha
no cérebro”, foi, para todos os que o conhecíamos, o primeiro a abrir “caminhos
de modernidade” na sociologia religiosa, eliminando o “mito da cristandade” do
discurso politico e religioso da época, revelando a diminuição catastrófica da
frequência dos sacramentos na Diocese de Lisboa. Ajudou-nos a todos os que
privávamos então com Ele a desmistificar os “horrores do socialismo” dos
discursos salazarentos; nisto não foi certamente o único, mas foi a base da
conduta posterior que lhe valeu o asco do conservadorismo nacional.
Sobre o trabalho de D. Manuel Falcão na conservação do património de Beja ver:
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